Eu tenho muita saudade de você. Saudade do que a
gente era, do que você aparentava ser. Do seu jeito descontraído,
autoritário; de como as coisas fluíam quando tu me olhavas daquele jeito
fraternal. Eu tenho a impressão de estar prestes a morrer quando lembro
de que a gente era tudo um para o outro, e hoje eu estou numa busca
insaciável para tentar te esquecer. Eu me vestia de você pra me sentir
bem, me perfumava de você pra ficar inatingível, me enchia de você pra
tu ver que eu era tão tua, que jamais outra garota poderia me
substituir. Eu tento não olhar para trás, porque eu sei que irá doer
quando eu notar mais uma vez que o que nós construímos foi abruptamente
jogado para o alto. Por sua culpa. Pelo seu egoísmo, pela falta de
amor-próprio, por não me amar o suficiente tanto quanto eu te amei –
loucura de minha parte de me entregar a você de forma onde não havia
mais volta. Eu sinto tanto, mesmo tendo toda consciência de que não tive
um por cento de culpa. Eu nunca esperei isso de você; que tu me
destruísse dessa forma, que me acabasse, que me esfarrapasse. Porque na
minha mente pequena e inocente, eu e você já éramos um só, e que quando
tu dizias que se me machucasse te doeria em dobro, fosse verdade. Eu
acreditei. Me desculpe por ter sido ingênua a esse ponto. Me perdoe por
ter me doado a você quando tu não pretendia fazer o mesmo. Desculpe-me
por te defender diante de todos aqueles que me alertavam sobre você; por
ter estado tão no alto que não percebi que você estava descendo.
Perdoe-me por ter acreditado no teu melhor, desde sempre ter amado cada
mínimo defeito, ter te ajudado a levantar nos teus tropeços, ter visto
vantagem nos teus erros. Não sei porque peço desculpas, quando eu
deveria estar te deixando pra trás. Mas eu não consigo, garoto; não
consigo porque algo sempre me trás de volta a nós dois. Em cada esquina
eu encontro um pouco de você. Está difícil, tente me compreender. Tente
ver o meu lado, pelo menos uma vez. Tente enxergar o quanto tu me
acabou, o quanto me destruiu. Porque eu posso ser essa ruína, essa força
repelida – mas você sabe da verdade; sabe porque me conheceu. Eu sou
fraca. Eu não aguento sozinha. Eu me destruo facilmente. Nós éramos
tudo, tínhamos tudo, almejávamos tudo; hoje eu estou num canto e você
foge de mim tentando estar no oposto – por culpa. Por saber que me
acabou e que jamais terá volta. Porque tu sabes que eu não te quero de
volta. Porque, apesar de tudo, eu sou a mulher que você jamais
encontrará em outro lugar. Eu sinto sua falta, mas meu amor-próprio é
maior que tudo isso. E você sabe que nunca me mereceu; eu sempre fui
demais para o que tu podias suportar. É tão triste quanto aqueles filmes
onde o mocinho morre no final; você morreu pra mim. E eu estou numa
busca para tentar sobreviver, por mais doloroso que isso esteja sendo